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Um dos primeiros moradores setecentistas da região foi Cosme
Velho Pereira, comerciante estabelecido na Rua da Direita, que
já foi a mais movimentada do Rio, hoje Primeiro de Março.
Banhada pelo Rio Carioca, sua chácara ocupava uma imensa área,
cujo acesso era feito por um caminho que acabou por levar seu nome.
Após a morte do comerciante, em princípios do século XIX,
a chácara fora completamente retalhada em terrenos menores por
vários elementos da nobreza.
O bairro formado recebeu o nome de Cosme Velho.
Um dos nobres a se estabelecerem no local foi o Barão da Glória
e nos fundos de sua propriedade, o sargento mor da Colônia
Joaquim da Silva Souto.
O militar reformado era muito conhecido pelo preparo de
ungüentos e xaropes e por isso recebera a denominação
de boticário.
Segundo o historiador Milton Teixeira, o Largo do Boticário passou
a existir oficialmente no ano de 1879 e abrigava oito casas
construídas no rela estilo colonial.
Na virada do século, porém, elas já haviam sido substituídas
por outras sem estilo definido, dando um aspecto bem eclético
ao conjunto.
Na década de 20 as casas eram divididas em apenas dois
proprietários e um deles, que detinha as cinco primeiras
casas, era o Dr. Paulo Bittencourt, filho de Edmundo Bittencourt
que em 1902 fundara o Correio da Manhã, um dos mais importantes
veículos da imprensa brasileira.
O outro era o artista e colecionador de antiguidades Rudy
(Rodolfo Gonçalves de Siqueira), que morava em uma de suas
duas casas, uma construção que lembra os chalés suíços da época.
Foi da iniciativa de Rudy as obras de reconstrução e
recaracterização das casas do Largo do Boticário.
Seu objetivo era reproduzir o estilo colonial que originalmente
era apresentado pelos imóveis.
Para tanto, utilizou na reconstrução uma série de fragmentos
arquitetônicos salvos de demolições, entre os quais pórticos
de granito, portas de igrejas baianas, azulejos raríssimos que
datam do reinado de Maria I, até pedras capistranas que faziam
parte do calçamento das Ruas da Constituição e Gonçalves Ledo.
A decoração era toda feita com mobiliário de época e o resultado
final deu à casa um ar de museu.
Algo que pôde ser considerado adequado na recepção ao Príncipe
de Gales, futuro Rei Eduardo III.
Após a morte de Rudy, a casa ficou sob responsabilidade da
Sra Magú Leão, dama da sociedade carioca, que a manteve
preservada nos mais de 40 anos em que lá residiu.
A outra propriedade de Rudy, a casa nº 30, serviu-lhe de ateliê.
Pensando na preservação de valorização do seu imóvel,
e também por ser muito ligado às questões de arquitetura,
influenciou nos anos 20 o então prefeito da cidade, Prado Júnior,
à substituir o calçamento de todo o Largo do Boticário
pela atuais lajes de pedra e também a construir um chafariz
central, que já não existe mais.
As obras feitas pela família Bittencourt começaram em meados
dos anos 30. Foram utilizados os mesmos de recursos de Rudy
Siqueira para dar uniformidade às construções do Largo.
Para as casas 20 e 22, que depois de unidas serviriam de
moradia para o casal Paulo e Sylvia Bittencourt, foram
requisitados os serviços de Lucio Costa, mas desentendimentos
fizeram com que a própria Sra. Sylvia fosse a responsável pela
conclusão das reformas.
A mansão conhecida como Casa Rosa ficou impecável, só vindo
a sofrer algumas descaracterizações nos anos 70, quando foi
novamente reformada.
As reformas se estenderam por todo o largo, que em
1945 já apresentava novamente o estilo neoclássico em sua
arquitetura, renovando todo o lirismo e charme que sempre
foram a marca registrada daquele recanto no sopé da mata atlântica.
Hoje, quem visita o Largo do Boticário faz uma verdadeira viagem no tempo,
e a trilha sonora é o incessante murmurar do Rio Carioca.
A CASA ROSA
Ele faz parte do roteiro turístico da cidade, é um dos mais belos
recantos do Cosme Velho e fica bem pertinho da Estação do
Trenzinho do Corcovado, mas a maioria dos visitantes que
recebe vem de outros países.
Apesar de estar eternizado nas telas de muitos pintores e de
ser cenário e fontes de inspiração para diversos escritores,
poetas e cronistas, o Largo do Boticário ainda é território
pouquíssimo explorado pelo carioca.
Aliás, o riacho que corta o Largo, o Rio Carioca - chamado
assim pelos índios tamoios -, empresta seu nome a todo
aquele que nasce na cidade do Rio de Janeiro, e muita gente
nem se dá conta de que ele está lá.
Casa Rosa, que até hoje pertence à família Bittencourt,
proprietária do lendário jornal "Correio da Manhã". A mansão
tem cerca de 1100 m2 de área construída e incontáveis cômodos.
É ladeada por um belíssimo jardim - reunindo espécies raras da
mata atlântica, como o pau-mulato - que abriga uma fonte de
água mineral do século XIX, um tanque com vitórias régias e
várias espécies de orquídeas.
A casa em si é uma raridade a parte. Dono de metade dos
imóveis do Largo, Dr. Paulo Bittencourt decidiu reconstruir
as casas de número 20 e 22 para morar com sua esposa Sylvia.
A obra foi de responsabilidade do arquiteto Lucio Costa e,
posteriormente, de seu discípulo Carlos Leão.
Para manter as características neoclássicas que já estavam
sendo perdidas com o passar do tempo, foram utilizados materiais
de demolição retirados de construções antigas,
inclusive dos prédios que cederam lugar à passagem da
imponente Avenida Presidente Vargas, no centro do Rio.
Apesar de ter ficado fechada por um longo período e de não
ter recebido manutenção, a Casa Rosa não perdeu o requinte
do início do século passado, aliado ao talento de Lucio Costa
expressos em seus toques pessoais.
Na entrada há um grande portal, ladeado por antigas
colunas de granito rescaldadas de antigas casas demolidas,
servindo inclusive de cenário para um filme de 007.
A escadaria helicoidal que liga a área social com a familiar, que
originalmente tinha degraus em mármore rosa, é feita
em madeirame e leva ao salão nobre da antiga mansão,
uma sala ampla com a galeria superior, em cujas paredes
estavam expostas as obras de arte da família Bittencourt.
A última reforma ocorreu em 1995, quando a Casa Rosa e o
Largo do Boticário foram escolhidos para sediar a Casa Cor.
Desde então, o imóvel está vazio
Fonte:
http://www.ludicices.com/template.php?abre=content/fotos/largoboticario/fotos.php
Foto Geral: http://aartemoderna.blogspot.com/2006/07/largo-do-boticrio.html
Foto Janela: Mariana Newlands.
GERARDO MILLONE - 2007
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