Nasce em Cuiabá aos 4 de maio de 1878. Órfã de pai, a figura paterna da menina seria o tio Francisco Murtinho, quem sustentava a irmã, mãe de Laurinda.

Fala-se que teve sua criação em Paris, mas isto não foi provado. Aos 16 anos vai morar a Santa Teresa.

Ao morrer Joaquim Murtinho, em 1911, Laurinda abre seu salão no palacete Murtinho, e herda a companhia Mate-Laranjeira.

Era considerada pela sociedade como uma mulher muito elegante, como “uma verdadeira parisiense de Saint-Germaine”.

Foi chamada “A Marechala da Elegância”. Mas.. algumas contemporâneas não pensavam o mesmo, dizendo que ela “pecava pelo excesso", com certa falta de gosto ou de discreção.

Os vestidos de Paris, podiam encaixar bem nos encontros no salão, mas as vezes eram mais apropriados aos "palcos”. Mas ninguém podia negar que era uma mulher de sucesso mundano no Rio de Janeiro.

Laurinda morre em 1946, e morre com ela uma época onde ela foi protagonista.

Curiosidades

Ela viajava sempre com sua mãe, o motorista e um cachorrinho. Usava três Chryslers com as placas 8665, 3328 e 3595, quando em Santa Teresa ninguém tinha carro. Mas ela andava também de bonde.

Organizava bailes, encontros “intelectuais” com músicos, poetas, e ajudava a muitos deles. Seu aniversário era todo um evento em santa Teresa. Dois presidentes participavam dos encontros: Nilo Peçanha e Epitácio Pessoa.

A poeta e declamadora Margarida Lopes de Almeida participava no salão de Laurinda, e foi a mulher, que segundo alguns historiadores, imortalizou suas mãos quando assistiu o escultor do Cristo Redentor Maximilien Paul Landowsky, quem copiou estas para o Cristo.

Ela tinha apartamento em Paris, 9 Place de la Madeleine, e lá passava dois meses entre Outubro e Abril, e continuava o Salão em França, recebendo brasileiros e franceses.

O Salão de Laurinda foi durante a década de 20 um ponto de encontro do Modernismo. Ela deu lugar à pessoas consideradas pela alta sociedade de “vulgares” e é lembrado o momento quando Silvio Caldas tocou violão, para alguns, um verdadeiro escândalo.

Villa-lobos foi um dos seus protegidos dos anos 1920. Laurinda foi quem levantou a verba que permitiu projetar o músico na capital francesa, em 1924.

Ela não era tão cultivada em arte, mas vibrava com o que ela gostava. Assim foi com o quadro O Ovo de Trasila de Amaral. Ela perguntou: "Mas eu quero que você me explique, eu gosto de entender, eu sou zebra em questões de pintura moderna. Eu só entendo assim aquilo que é muito óbvio. O que quer dizer esse pauzinho, essa cobrinha, o ovo de cabeça para baixo?" Recebeu como resposta; "Ah! Dona Laurinda... eu primeiro pintei o pauzinho, ficou muito vazio, ai eu pintei a cobrinha subindo pelo pau, ainda estava vazio. Ai eu pintei o ovo...." – "Mas o que quer dizer?" – "Nada..." Ela não falou nada, e comprou um quadro que ela achou mais decorativo.



O marido de Laurinda, Hermenegildo, era uma imagem ofuscada pelo brilho da mulher. Sempre foi reduzido ao estereotipo de marido traído. Mas, na realidade, o casamento “aberto” dos Santos Lobo hoje talvez não despertasse tanto escândalo. Hermenegildo morreu em 1941.

Laurinda herdou do tio o amor pelos cães. Ela cuidou dos cachorros do tio depois da morte deste, e teve seus próprios animais de estimação. Foram conhecidas duas cachorrinhas típicas de madame, "Pupée" e "Chinita".

Durante a guerra o salão realizou muitos menos encontros, e ela se dedicou mais aos negócios, ajudada pelo marido. Mas depois da morte deste ela assume por uns meses, mas logo entrega para um sobrinho, Amauri Santos Lobo, ela dizia “Eu não agüento, tudo com hora marcada de chegar!”.

Ao morrer Laurinda continua na casa a mãe, Leonor, e o marido desta Francisco Guimarçaes. A mãe da Laurinda, morre com 92 anos (1960), e Francisco no ano seguinte. Antes de sua morte começa o surpreendente processo do espólio de dona Laurinda. A posse da mansão só seria concedida ao Instituto Hahnemanniano em 1965. Durante oito anos a casa ficou abandonada. Como não havia vigia, a casa foi arrombada e os saques começaram. Até de caminhão levaram os móveis! Depois foi ocupada por “uma comunidade de baixa renda” e nos anos ´80 pelo narcotráfico. Em 1979 a prefeitura do Rio assina o decreto de desapropriação da casa, e a implantação de um parque público. Em 1993 se oficializa o Parque das Ruínas

Fonte: "Laurinda Santos Lobo, mecenas, artistas e outros marginais em Santa Teresa". Hilda machado – Casa da Palavra, 2002.



Sobre o Centro Cultural Laurinda Santos Lobo

Este centro cultural foi ativado em 1979, numa admirável casa do bairro. Possui uma sala de vídeo, três salas de exposições, auditório e um acervo fotográfico referente a Laurinda Santos Lobo.



Laurinda foi uma mulher especial, que deu a Santa Teresa vida e graça no início do século passado com seus saraus, onde prontificavam expoentes da vida cultural internacional como, por exemplo, Villa-Lobos e Isadora Duncan.

Endereço:
Rua Monte Alegre, 306. - Tel: 2242-9741
Horário:
De terça a sexta, das 10h às 18h e sábado e domingo, das 14h às 18h.



SOBRE O LIVRO USADO NA PESQUISA:

Laurinda Santos Lobo, Mecenas, Artistas e Outros
HILDA MACHADO
A história do bairro de Santa Teresa, Rio de Janeiro, confunde-se com a história privada de seus fabulosos moradores. Da colonização até meados do século XX, eis os episódios biográficos dos personagens que moldaram não somente a fama do bairro mas também a política e as artes no Brasil. A obstinada luta das irmãs carmelitas; os prodígios da homeopatia do doutor Joaquim Murtinho e suas manobras no governo; as célebres reuniões litero-musicais no salão da mecenas Laurinda Santos Lobo, que congraçavam figuras como o escritor João do Rio e o caricaturista Emílio Cardoso Aires.que



SOBRE O PARQUE DAS RUÍNAS

Endereço: Rua Murtinho Nobre, 169
Tel.: (21) 2252-1039 / 2252-0112
Aberto à visitação de terça a domingo, das 8 às 20h

O Parque das Ruínas se torna um belíssimo mirante que deixa o Rio de Janeiro aos seus pés. De lá, tem-se uma visão extraordinária do centro da cidade e de toda a orla do Rio – desde o Aeroporto Santos Dumont até a Urca. Logo abaixo estão os Arcos da Lapa. Aberto ao público, o Parque foi o que restou do Palacete Murtinho Nobre, onde morou Laurinda Santos Lobo. A casa foi um dos pontos mais efervescentes da vida cultural carioca durante muitos anos, até a morte da anfitriã, em 1946. A Prefeitura fez renascer das ruínas a cultura que ali existiu. O parque abriga uma sala de exposições, auditório e cafeteria, garantindo conforto a shows musicais, happy hours e leitura de textos literários. Nas áreas ao ar livre se destacam concorridos shows e uma programação especial para as crianças nos finais de semana. Com três andares, a casa chama atenção também por sua arquitetura e estilo - tijolos aparentes combinados harmoniosamente com estruturas metálicas e de vidro. Foi aberto mais uma vez em 2008 depois de dois anos de reformas, e hoje pode-se visitar tanto o terraço como o mirante, tendo uma das melhores vistas da cidade e da Baia de Guanabara e o Pão de Açúcar.


Laís Orsolon - Novembro 29, 2007.
Foto: Nathalia Bernardes
Fonte: estacaosantateresa.wordpress.com


O Parque das Ruínas, antiga residência de Laurinda Santos Lobo, ilustre moradora de Santa Teresa, possui uma vista privilegiada: 360º da Baía de Guanabara, um convite à contemplação.

Após a morte de sua proprietária, em 1946, a casa ficou abandonada até a Prefeitura do Rio de Janeiro resolver transformá-la em um centro cultural durante o primeiro mandato do prefeito César Maia.

A iniciativa favoreceu tanto o bairro quanto o local, comparado pelo auxiliar da administração do Parque, Dionísio Soares, com um dos mais famosos cartões postais da cidade:

- O Parque é um ponto privilegiado de Santa. Para os turistas é como se fosse o Pão de Açúcar sem bondinhos – diz.

Segundo o site da Riotur (www.rio.rj.gov.br/riotur), Laurinda foi uma mulher de grande importância para a vida intelectual da cidade no início do século XX. Ela promovia saraus que atraíam grandes artistas nacionais e internacionais na casa, herdada de seu tio Joaquim Murtinho, Ministro da Fazenda do governo Campos Salles.

Continuando com a tradição de incentivar a cultura, atualmente, o Parque oferece como atividades shows de música, peças de teatro e exposições de arte contemporânea, além de ter o mirante do litoral do Rio.

No entanto, o período de cerca de 50 anos entre a morte da proprietária e a inauguração do centro cultural, em 1997, não foi dos melhores. Abandonado, o imóvel foi ocupado, de acordo com Dionísio, por malfeitores que perturbavam os moradores.

- A pedido de moradores insatisfeitos, a Prefeitura adquiriu a casa e a reformou – conta.

A primeira grande reforma sofrida pela casa foi projeto do arquiteto Ernani Freire, que integrou toques modernos às ruínas. No início de 2005, outras melhorias tiveram de ser feitas.

- A parte velha não tem reboco, os tijolos são aparentes. Eles sofrem erosão da chuva e do vento. Por isso, de tempos em tempos é preciso fazer uma reforma para evitar a erosão – explica Dionísio.

Cariocas de todos os bairros costumam comparecer com mais freqüência nos eventos gratuitos que acontecem no Parque. A programação pode ser encontrada no Mapa Cultural, publicação mensal da Secretaria Municipal das Culturas.

As atividades contribuem para que cerca de duas mil pessoas por mês visitem as ruínas mais charmosas do Rio.

Para Dionísio, o Parque das Ruínas é mais um exemplo que confirma a vocação de Santa Teresa para o turismo, sobretudo o cultural. De acordo com dados do Instituto Pereira Passos, ao todo, o bairro possui três centros culturais, a mesma quantidade do que a Barra da Tijuca, que tem uma população quase cinco vezes maior.





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