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Palco de encontros de artistas e intelectuais,o Solar
dos Abacaxis, do qual Machado deAssis era vizinho, está à
venda junto com os tesouros de sua decoração
Guias
Mais um achado nas minhas andanças pelos meus arquivos, o impressionante
é como o assunto ainda é atual, no final da matéria encontra-se uma declaração
de um vizinho do Solar.
From: Márcia Cristina Silveira
Sent: Sunday, May 27, 2007 7:19 PM
Subject: Relíquias de casa velha
Fonte: Veja Rio - Edição 3010 - 30/05/07
Por Sofia Cerqueira
GERARDO MILLONE
Não há placas ou anúncios em jornais.
Mas um valioso pedaço da história da cidade – 1 200 metros quadrados de
área construída e 5 600 de terreno – está à venda.
Erguido em 1843, o Solar dos Abacaxis, um imponente casarão na Rua
Cosme Velho, é um dos mais importantes exemplares da arquitetura
neoclássica do Rio.
Por quase meio século, o endereço foi palco de festas e saraus que
reuniam escritores, artistas, estudantes, intelectuais, políticos,
diplomatas e empresários da elite carioca.
O palacete, com abacaxis de ferro enfeitando as sacadas, foi residência
do historiador e desportista Marcos Carneiro de Mendonça, primeiro
goleiro da seleção brasileira (1914), e de sua mulher, a poetisa
Anna Amelia, fundadora da Casa do Estudante do Brasil.
"A casa vivia cheia, era muito democrática e virou uma referência
da cultura na época", conta a crítica de teatro Bárbara Heliodora,
83 anos, a mais nova dos três filhos do casal.
"Dói muito, mas a família optou pela venda por não ter condições
de mantê-la."
O tamanho monumental da propriedade, avaliada em torno de 3,5 milhões
de reais, explica a decisão dos herdeiros.
São dez quartos, cinco salas, biblioteca, clarabóia, sótão, porão,
jardim e uma grande área verde nos fundos.
A mansão, hoje necessitando de obras, é assinada pelo arquiteto José Maria
Jacinto Rabelo, o mesmo que projetou o Palácio do Itamaraty, no Centro.
Seus relevos, que adornam o teto do salão principal do imóvel, tombado
pelo estado, são iguais aos do Palácio Rio Negro, em Petrópolis. "Sem dúvida,
é uma das construções neoclássicas mais relevantes da cidade", afirma Carlos
Fernando Andrade, superintendente regional do Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Valor arquitetônico e histórias não faltam à suntuosa residência,
a poucos metros do Largo do Boticário e junto ao Túnel
Rebouças. "Na abertura do túnel, Carlos Lacerda, que era amigo da família,
veio aqui alertar sobre as explosões que poderiam danificar os pratos
brasonados expostos na sala", lembra Helen Márcia Potter Pessoa, 51 anos,
uma das três filhas de Bárbara Heliodora, que viveu ali na adolescência
e está à frente da venda.
Por sorte, nenhum prato ficou em pedaços. Em outra ocasião, o magnata
da imprensa Assis Chateaubriand escolheu o palacete para dar uma grande
recepção. "Comemorou lá a compra da primeira tela de Paul Cézanne para
o Museu de Arte de São Paulo", recorda
Bárbara.
"Os salões também foram abertos para Vivien Leigh, quando ela veio ao Brasil,
nos anos 60", relata Patrícia Bueno, outra filha de Bárbara, referindo-se à
protagonista do filme ...E o Vento Levou.
Grandes anfitriões, Marcos Carneiro de Mendonça e Anna Amelia também
tinham uma bela história pessoal.
Conhecido como um goleiro de grande técnica e elegância, com seu 1,94 metro,
Marcos foi tricampeão carioca pelo Fluminense (1917-1919), clube do
qual seria presidente.
Historiador, tornou-se um reconhecido especialista em marquês de Pombal.
Reuniu uma majestosa biblioteca com 11 000 volumes, hoje de posse da
Academia Brasileira de Letras.
Ainda trabalhou no escritório da Usina Esperança, a primeira siderúrgica
a funcionar regularmente no país, que pertencia à família de Anna Amelia.
Além de fundar a Casa do Estudante, ela militou pelo voto feminino.
O casal colecionava obras de arte e era apaixonado por futebol.
"Lembro do meu avô conversando horas com Nelson Rodrigues na varanda",
diz Helen Márcia.
Entre os muitos nomes que freqüentavam a mansão – cogitada para ser a
sede do Casa Cor deste ano – estão Carlos Drummond de Andrade, Oswaldo
Aranha, Eurico Gaspar Dutra, Austregésilo de Athayde e, nos últimos anos,
Fernanda Montenegro e Paulo Autran.
Ali perto morou Machado de Assis. Marcos dizia que, quando criança,
costumava ver o escritor caminhando pela rua.
Ele e Anna Amelia mudaram-se para o Solar dos Abacaxis em 1944,
depois de uma reforma que deu ao imóvel garagem, varanda e terraço.
A residência original havia sido erguida 101 anos antes pelo comendador
Borges da Costa, bisavô de Anna Amelia.
Com a morte de Marcos, em 1988 (aos 94 anos), dezessete anos após a
da mulher, o casarão foi ocupado por um parente, que só se mudou
alguns meses atrás, por força de uma decisão judicial.
Agora, além da propriedade, estão à venda tesouros da decoração
original, como a mobília de jantar feita na Rússia czarista. "Sonho
que a casa vire um centro cultural ou uma pousada e continue fazendo
história", diz Bárbara Heliodora.
O Solar dos Abacaxis 10/06/2008 - 19:54
Comentário de Bruno Giacobbo, no blog do Canalfluminense.com.br,sobre
o assunto que ainda é atual.
Quem já conversou cinco minutos comigo sobre o Fluminense sabe da minha admiração incondicional pelo lendário goleiro Marcos Carneiro de Mendonça. Para mim, se houvesse a possibilidade de escalar uma seleção de todos os tempos com dois goleiros, Marcos Carneiro de Mendonça seria titular ao lado de Castilho. Sou fã dele não só pelo que li e pelo que dizem que ele jogou, mas por toda a sua carreira e vida fora dos campos!
Marcos Carneiro de Mendonça é uma daquelas figuras ímpares! Para mim, uma das cinco maiores personalidades da história do Fluminense! Como atleta, foi tricampeão Carioca em 1917/18/19. Titular no primeiro jogo da história da Seleção Brasileira - 2 a 0 sobre o Exeter City, em 21 de julho de 1914 - e nos dois primeiros títulos conquistados pelo Brasil - os Sul-Americanos de 1919 e 1922 -, jogava sempre de branco, com uma fitinha roxa amarrada na cintura e, contam os relatos, dificilmente se sujava.
Fora dos gramados, se graduou em História. Foi membro do IHGB – o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro – e o maior especialista de sua época sobre a vida do Marquês de Pombal. Entre os anos de 1941 e 1943, presidiu o Fluminense. Casou com a poetisa Anna Amélia e teve três filhos.
Vocês devem estar se perguntando: por que falar do Marcos Carneiro de Mendonça agora? Eu explico! A casa onde ele e Anna Amélia viveram, o Solar ou Mansão dos Abacaxis, como preferirem, fica a mais ou menos 50 passos da minha casa, aqui no bairro do Cosme Velho. E, ontem, brincando na internet, achei uma reportagem da "Veja Rio”, datada do dia 30 de maio de 2007, em que a família fala que está tentando vender a propriedade, pois não tem condições de mantê-la.
Peço que leiam e que, por favor, reflitam! Como jornalista e estudante de História, penso que o brasileiro de uma maneira geral padece da falta de cultura e não conserva o seu patrimônio. Aqui no Cosme Velho, já não temos há muitos anos a casa onde nasceu e viveu Machado de Assis. Ainda temos a casa de Austregésilo de Athayde, Marcos Carneiro de Mendonça e da Família Bittencourt, dona do prestigioso jornal “Correio da Manhã”. Dessas, apenas a casa de Austregésilo está em ótimo estado e é uma espécie de centro cultural. Já a Mansão Rosa dos Bittencourt está num estado até pior do que o Solar dos Abacaxis.
Alguma coisa precisa ser feita! E, no caso do Solar dos Abacaxis, creio que o Fluminense poderia fazer. Quem sabe um centro cultural ou museu contando toda a história do nosso clube? Seria uma bela homenagem a memória de Marcos Carneiro de Mendonça!
Por: Bruno Giacobbo
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