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Desde 1856 o Jardim Botânico estava ligado ao Alto de Boa Vista por uma estrada carroçável,
aberta por influência do Barão do Bom Retiro e cuja execução e manutenção foi contratada a
Thomas Cochrane. Registra a crônica da idade que, nessa obra, foram empregados
trabalhadores "cules" trazidos de China (Macau) para desenvolver a lavoura do arroz ,
mas que, não tendo demonstrado qualquer habilidade para a agricultura, foram aproveitados
na construção da estrada.
Essa região apresenta uma assombrosa coincidência de presença chinesa, iniciada com a
vinda dos plantadores do chá de D. João VI.
Depois do fracasso dessa lavoura, segundo Brasil Gerson, os chineses se teriam
espalhado "pelas fraldas da Tijuca".
Em 1844 um mapa da área registra uma edificação denominada "Casa dos Chinas",
provavelmente um resquício dessa primitiva experiência.
Essa "vocação" provavelmente explica por que a Prefeitura (o prefeito Pereira Passos,
em 1903, com projeto do arquiteto Luis Rey, em argamassa copiando o bambu) edificou
ao margem dessa estrada, anos mais tarde, um pavilhão denominado "Vista Chinesa',
que ainda pode ser visitado.
Mais acima, um local preparado para servir como ponto de repouso nos freqüentes passeios
da Família Real ganhou o nome de Mesa do Imperador.
Fonte: Livro A FLORESTA DA TIJUCA editorial Nova Fronteira
No Brasil a cultura do chá teve inicio nos arredores do Rio de Janeiro.
Existem notícias de ter sido plantado em 1814, em vasta área da Ilha do Governador,
na Fazenda Santa Cruz e no hoje Jardim Botânico do Rio de Janeiro, tendo D. João
contratado para isso colonos chineses a fim de ensinarem o plantio e preparação
do chá, muitos deles entretanto, abandonaram as plantações e passaram a ser vendedores
ambulantes.
A Fazenda do Macaco de Amélia de Leuchtenberg, casa que ainda está no Jardim
Botânico teve cultivo de chá até 1890.
Fonte: João Conrado Niemeyer de Lavôr, Revista do Jardim Botânico
O nome Vista Chinesa tem origem nos agricultores dessa nacionalidade trazidos
para o Rio de Janeiro em duas levas, na primeira metade do século XIX.
Primeira Leva: o Chá no Rio de Janeiro
Inicialmente, foram cem os chineses que vieram da colônia portuguesa de Macau,
importados em 1812 pelo Conde de Linhares, a mando de D. João VI, com o objetivo
de testar a receptividade do solo brasileiro para o cultivo do chá.
Os imigrantes, que teoricamente foram escolhidos por terem bastante experiência
no assunto, estabeleceram-se, primeiramente, nas encostas da mata onde estão os
fundos do jardim Botânico. Ali chegaram a plantar seis mil pés de chá, erva que
dava três safras por ano.
Após serem colhidas, as folhas eram colocadas em fornos de barro, onde eram postas
a secar, sendo depois enroladas.
Era sonho do Príncipe Regente repetir no Brasil o comércio exitoso entre Macau e a
Europa, do qual, com a venda do chá, Portugal auferia considerável rendimento.
No princípio, houve certa euforia com o futuro da erva no Rio de Janeiro.
Loccock nos conta que, logo após a chegada da Família Real, planejava-se suprir
todo o mercado europeu com a produção carioca.
Também Ebel nos dá seu relato, datado em 1824, quando afirma ter visto nas encostas
do Jardim Botânico, "vastas plantações de chá chinês, agora em floração".
Nesse sentido, é interessante o registro iconográfico executado por Rugendas em 1822,
onde podem-se ver os chineses em pleno trabalho de plantio do chá, com bela vista
da Lagoa Rodrigo de Freitas ao fundo.
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Um pouco antes de 1817, Spix e von Martius declararam ter o chá carioca aroma excelente,
embora seu sabor não fosse dos melhores. Esse desagradável paladar parece ter sido a razão que
acabou obrigando o Governo português a desistir de tentar produzir comercialmente
o chá em terras brasileiras.
Outros autores, entretanto, afirmam que o insucesso
deveu-se à falta de preparo, indolência e alto custo da mão de obra representada pelos
chineses, que teriam sido mal-escolhidos em sua terra natal, não tendo vindo para cá
um grupo de experientes agricultores, mas, como escreveu o historiador Oliveira Lima,
"a ralé de Cantão".
Mais realista, entretanto, parece ser a explicação de Maria Graham, citada
por Bastos Cezar: "o Imperador compreendeu ser mais vantajoso vender café
(um produto sem concorrentes) e comprar chá do que obtê-lo com tais despesas
(já que o chá era produzido a baixíssimo custo na Chinba e Índia)
e não continuou a plantação".
Os chineses foram transferidos para a Fazenda Real de Santa Cruz onde fizeram
outra tentativa, também falida.
A foto apresentada : excursionistas na Vista Chinesa em 1929.
Segunda Leva, do arroz às estradas
Anos mais tarde, em 1844, outra leva de chineses foi trazida ao Rio.
Desta vez com o intuito de plantar arroz. Mas, assim como o sucedido com o chá,
os orientais não foram capazes de fazer vingar em terras cariocas o cereal.
A solução foi empregá-los para abrir o caminho que mais tarde se transformaria
na Estrada Dona Castorina. Nessa obra, teriam feito seu acampamnento onde hoje
está localizada a Vista Chinesa, dando origem desta maneira ao primeiro nome
de batismo do lugar: Rancho dos Chins, que depois evoluíria para a designação
atual de Vista Chinesa.
A construção de inspiração oriental que em nossos dias decora o mirante não
é contudo contemporânea do surto do chá, tendo sido construída somente no início
do século XX pela administração Pereira Passos.
Fonte: Trilhas do Rio, Pedro de Cunha e Meneses, 1996.
Nota: Muitas outras versões explicam o motivo de fazer a Pagode na área onde
moravam os chineses: culpa. Os chineses eram maltratados, por ser preguiçosos,
por trabalhar mal o simplesmente por acompanhar ou remplazar trabalho dos escravos
(preguiçoso de acordo à idéia de quem os " empregava").
Esse é o motivo pelo qual os chineses deixaram Rio de janeiro, voltando muitos
deles a Macau. A Pagode, tributo, homenagem do prefeito Pererira Passos,
significa para muitos historiadores um pedido de desculpa tardio
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PAGODE (do Dicionãrio Houaiss s.m. (1516 cf. DBLiv)
(1) templo ou monumento memorial da Índia e de outras regiões do Oriente, ger.
em forma de torre, com diversos andares e telhados a cada andar terminados freq.
em pontas recurvas para cima (termo tb. us. para mesquitas mouras e varelas budistas)
(2) (1525) ídolo indiano, imagem de um deus ou santo asiático
(3) (1555) divertimento ruidoso ou licencioso; pândega, pagodeira, pagodice
(4) p.ext. B em sentido lato, baile popular
(5) (sXX) p.ext. MÚS B samba; esp. variedade de samba de partido alto nascida
no Rio de Janeiro na década de 1970 [Introdutor de novas problemáticas nas
letras dos sambas, assim como do uso do tantã, do repique de mão e
do banjo brasileiro.]
(5.1) MÚS B reunião de pessoas que tocam e cantam o pagode (acp. 5)
(vai haver um p. na casa do Alfredão)
(5.2) p.met. local onde se realiza essa reunião
(6) B infrm. o que é feito ou dito com a intenção de provocar riso acerca
de alguém ou de algo determinado; zombaria, caçoada (fazer p. de alguém)
(7)p.ext. DNÇ ETN MÚS AL m.q. 2coco ('dança') 8 (1595) HIST.NUMS moeda de
ouro que tinha curso no Sul da Índia ± p. chinês MÚS m.q. chapéu-chinês - de p.
B infrm. em abundância ou em grande intensidade; muito ¤ ETIM sânsc.,
através de idioma dravídico (malai. pagôdi, tâm. pago(di); ver pagod- ¤ SIN/VAR
ver sinonímia de forró, patuscada e zombaria
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