Novo Elevado do Joá
deve ser inaugurado até o dia 1º de julho

Obras de ampliação atingem 97%, e nova pista ampliará em 35% a capacidade da via



Espremido entre o mar e a encosta rochosa de São Conrado, o novo Joá já repousa lado a lado com a construção mais antiga. Erguida sobre 27 pilares, a pista ainda não está liberada ao tráfego, mas avança rapidamente para isso. Nos próximos dias, ganhará iluminação e sinalização. De acordo com a prefeitura, 97% das intervenções estão concluídas. Atualmente, 1.040 operários se revezam na obra que, depois de pronta, vai ampliar em 35% a capacidade da via. A nova ligação Zona Sul-Barra, que tem custo estimado de R$ 457 milhões, é um dos compromissos olímpicos do Rio.

Se tudo correr como planejado, o novo Joá será inaugurado faltando pouco mais de um mês para os Jogos Olímpicos — o viaduto deverá ser aberto até 1º de julho, e a cerimônia de abertura acontecerá em 5 de agosto. Com isso, a cidade ganhará uma importante válvula de escape para a Barra, já que as pistas atuais estão saturadas. As duas faixas do novo elevado vão operar no sentido Barra. De acordo com a prefeitura, a princípio não haverá reversível. Uma das situações que foge à regra é a passagem de comitivas olímpicas durante os Jogos, mas, por enquanto, não há planejamento montado para isso.

Diferentemente da estrutura atual, o novo elevado terá três áreas de acostamento. Cada recuo tem 32 metros de comprimento e quase oito de largura. Outro detalhe é que o novo Joá é cinco metros mais alto do que o “irmão” mais velho. Sendo assim, os motoristas poderão continuar apreciando a vista do mar na maior parte do trajeto.

Segundo a prefeitura, hoje não há qualquer frente de obra atrasada. Algumas partes, porém, estão mais adiantadas do que outras. As intervenções ocorrem ao longo de um trecho de quatro quilômetros, que vai da Igreja de São Conrado até a Paróquia São Francisco de Paula, na Barra. Os dois túneis, (o de São Conrado, com 220 metros, e o do Joá, com 430) estão com 96% dos serviços concluídos. No local, operários trabalham na montagem da iluminação, que terá lâmpadas LED comandadas por um sistema inteligente: durante o dia, a iluminação será mais forte, para evitar que os motoristas precisem ligar os faróis dos veículos; à noite, a claridade reduzirá um pouco. Outra parte dos trabalhadores está concentrada nas entradas e saídas dos túneis. Ali, as equipes estão na fase de acabamento, retirando excessos de concreto.

A Ponte da Joatinga, na chegada à Barra, também está quase pronta, com 98% dos trabalhos executados. Os 2% restantes se referem à implantação de duas novas faixas, uma que seguirá o fluxo de trânsito em direção à Avenida das Américas e outra que servirá de acesso para os motoristas que vão para o Itanhangá ou a Barrinha. Além disso, uma terceira pista, mais próxima à Lagoa da Tijuca, está sendo construída sob as pontes nova e antiga apenas para servir de retorno no sentido Recreio.

REFORÇO NA ENCOSTA

Apesar de bem adiantado, o acesso ao novo Joá, em São Conrado, atingiu 93% — o menor percentual em toda a obra. Devido ao terreno macio da encosta, além da construção do paredão de concreto previsto no projeto, foi preciso levantar uma segunda parede para reforçar o local. A medida foi necessária devido ao alargamento da pista para implantar mais duas faixas.

— Essa parte foi um desafio para a gente, mas conseguimos superar bem, readequando o projeto — diz Márcio Machado, presidente da Fundação Instituto de Geotécnica (Geo-Rio). — O Joá teve uma particularidade porque foi uma obra “vistoriada” diariamente pela população.

O novo Elevado do Joá - Editoria de Arte O Globo



Antes da obra, uma das grandes preocupações era o cronograma de detonações para a escavação dos dois túneis. Previstas para serem concluídas apenas em outubro do ano passado, as explosões terminaram três meses antes. Isso porque, inicialmente, haveria apenas uma detonação por dia. Mas, em janeiro de 2015, ficou decidido que haveria duas, às 14h e às 21h30m, com a interdição do elevado por 30 minutos. Para acelerar ainda mais o processo, a pista superior, sentido Barra, só era reaberta ao tráfego às 5h do dia seguinte. Já a galeria inferior reabria às 22h15m, com uma faixa reversível.

Outra parte que está adiantada é a ciclovia que acompanha todo o trecho do novo elevado. De acordo com a prefeitura, faltam apenas alguns detalhes para liberar a pista aos ciclistas.

Para o diretor de Operações da CET-Rio, Joaquim Dinis, a inauguração do Joá surtirá efeito imediato no trânsito da cidade:

— O Rio está com o trânsito saturado em diversos pontos. Uma obra desse porte proporcionará um alívio para a região. Depois de sentir o impacto das obras no tráfego da cidade, agora será a vez de ver como melhorou.

ESTRUTURA CORROÍDA EXIGIU OBRAS EMERGENCIAIS

Via estratégica para os Jogos Olímpicos, o complexo do Joá — formado por túneis e um elevado em dois andares — foi inaugurado em 1971.

Em 1988, especialistas da Coordenação dos Programas de Pós-Graduação em Engenharia (Coppe/UFRJ) identificaram pela primeira vez corrosões em partes da estrutura do elevado. Na época, a recuperação levou três anos.

Um outro estudo, encomendado à Coppe pela prefeitura, identificou em 2012 que a estrutura em concreto armado que sustenta os 1.100 metros (em cada sentido) do Elevado do Joá estava comprometida. Segundo o relatório, a situação era tão grave que havia a possibilidade de colapso. Foram necessárias obras emergenciais. Para diminuir os riscos, o tráfego de caminhões foi suspenso e o limite de velocidade, reduzido de 80 para 60 quilômetros por hora. Só após a conclusão desses serviços é que a prefeitura iniciou as obras de ampliação do complexo do Joá.


Fonte:
POR RENAN FRANÇA
Custódio Coimbra / Agência O Globo
ATUALIZADO 18/04/2016 9:11
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