O estilo do Turco

Coletânea de notas escritas por Ibrahim Sued recupera um personagem-chave da crônica carioca
MARCIA VIEIRA







Ibrahim Sued, morto em 1995, escreveu mais de 15 mil colunas ao longo de 45 anos: uma seleção delas foi reunida no livro "Em sociedade tudo se sabe".


Ele nasceu sem sobrenome e sem fortuna, mas acabou circulando ao lado de gente como o presidente Getúlio Vargas, a rainha Elizabeth e o presidente americano John Kennedy.
Cometia erros crassos de português, mas, por competência, se tornou um dos jornalistas mais importantes da sua geração.
Era um anticomunista ferrenho, e, ainda assim, ajudou a tirar das prisões gente perseguida pelo governo militar nos anos de ditadura.
Ibrahim Sued teve uma vida marcada por contradições e paradoxos. Criou um estilo único de fazer coluna social que marcou definitivamente o gênero no Brasil. Inventou termos que entraram na moda, como champanhota, niver, su, ademã, de leve.
O Turco, apelido que o acompanhou a vida toda, nunca foi uma unanimidade. Pelo contrário. Era capaz de despertar amor e ódio.
Talvez por isso tenha virado um personagem da crônica da cidade. Uma pequena amostra do estilo Ibrahim Sued chega às livrarias no ano de 2004. Em sociedade tudo se sabe (Editora Rocco, 260 páginas, preço a confirmar) é uma coletânea de suas notas publicadas ao longo de 45 anos de colunismo social.
Ibrahim escreveu mais de 15 mil colunas até morrer, de infarto, em 1995, aos 71 anos.
O livro, organizado por sua filha Isabel Sued, é uma viagem pelos costumes, as modas, os governos e os rumos da economia dos anos 50 até a metade dos anos 90.
Mas é pouco diante da complexidade do personagem Ibrahim Sued. "Mais tarde vamos lançar uma biografia dele", garante Isabel. "Mas agora eu precisava fazer esse livro. Pelas notas, pelo estilo dele, o leitor vai poder conhecê-lo", diz.
Ibrahim fez de tudo um pouco na vida. Tijucano, filho de imigrantes árabes, estudou até o terceiro ano do antigo ginasial. Foi jornaleiro, entregador de sapataria, office-boy e fotógrafo. E foi um homem de sorte.
Aos 22 anos, sentiu o gosto do sucesso ao registrar um flagrante histórico. Ibrahim era então um desconhecido fotógrafo free-lancer. Na saída da Assembléia Legislativa, flagrou o político baiano Otávio Mangabeira cumprimentando o general americano Dwight Eisenhower, ex-comandante das tropas aliadas na Europa na Segunda Guerra Mundial. Na realidade Mangabeira abaixou a cabeça para apertar a mão de Eisenhower. Dava a impressão de que ia beijar a mão do americano. A foto gerou uma onda de protestos nacionalistas. E Ibrahim Sued começou a ser notado.

Cafajestes - Ao lado de Mariozinho de Oliveira e Baby Pignatari, Ibrahim fez parte do Clube dos Cafajestes, uma turma dos anos 50 que promovia festas e rebus que abalavam os padrões da época.
Aos poucos começou a freqüentar a alta sociedade.
A estréia em coluna social aconteceu em 1951, no jornal A Vanguarda. A grande virada veio três anos depois quando estreou no jornal O Globo, onde ficou até a morte.
Sua coluna misturava fofocas de sociedade, política, economia, cultura. Ibrahim também inventava regras, fazia listas. No auge do high-society carioca, publicava o ranking das dez mais elegantes, onde brilhava o trio Carmem Mayrink Veiga, Tereza Souza Campos e Lourdes Catão.
Também criava personagens totalmente fictícios, como a Dama de Preto, que ele fazia circular pelas festas do Rio. Na época, se dizia que ela era inspirada em Elisinha Moreira Salles, mãe do cineasta Walter Salles Jr. Ibrahim nunca confirmou.
Nos anos 50, ele já era um sucesso. O jornalista Elio Gaspari, que trabalhou com o Turco, escreveu na apresentação do livro: "Havia festa com ou sem Ibrahim. Seguindo a metamorfose iniciada por Walter Winchell nos Estados Unidos, adicionou à crônica da boa vida do andar de cima a agenda dos negócios e das tramas políticas que nele se desenrolam. Conseguiu isso trabalhando duro".
Carmem Mayrink Veiga, figura constante nas notas de Ibrahim desde a época em que o tamanho do seu biquíni gerava comentários no "café society", é testemunha do estilo que Ibrahim imprimiu na sociedade carioca. "Ele era muito sincero. Um dia me disse, na cara, que gostava muito de mim, mas achava os meus jantares chatérrimos, ri". Continuaram amigos. Segundo Carmen, Ibrahim fazia questão de contar que começou a vida do zero. "Ele tinha orgulho. Era autêntico. Tinha um português bastante ruim e se divertia com isso."

Fonte: http://jbonline.terra.com.br/jb/papel/cadernob/2001/11/02/jorcab20011102001.html

Galeria de admiradores inusitados

Os erros de português são tão famosos que viraram uma marca. Ibrahim criou um carimbo com a inscrição "Favor esquecer Camões. Proibido mexer no meu estilo. Merci".
Colocava a inscrição no final das suas crônicas para que nenhum redator ousasse corrigir o que escrevia, mesmo quando parecesse um atentado ao português. O que o Turco não admitia era se ver ridicularizado por outros.
Quando fazia um quadro no Fantástico, da TV Globo, virou motivo de piada.
O comediante Agildo Ribeiro, que já fazia imitações de Dercy Gonçalves, Chacrinha e Clodovil, incluiu o Turco na sua lista de "homenageados", como Agildo gosta de dizer. "Os pessoal vai lá diariamente às terça e quintas", era uma das piadinhas inspiradas no estilo Ibrahim de falar. Ibrahim odiava. "Assim como não se pode imitar a Dercy sem os palavrões, era impossível imitar o Ibrahim sem os tropeços de gramática", defende-se Agildo Ribeiro.
Os encontros entre os dois eram desagradáveis. "Quando perguntavam se ele tinha visto o meu show ele respondia não vi e não gostei. Até que um dia, o Ricardo Amaral resolveu nos apresentar. Ibrahim não gostou. Disse apenas lamentável. Ele jamais entendeu, mas eu era um admirador dele", diz Agildo.
Ibrahim arregimentou outros admiradores inusitados ao longo da vida.
A travesti Rogéria virou fã de carteirinha. Os dois se conheceram quando Rogéria era estrela do Carrossel de Paris. "Na casa ao lado ia Maria Callas, John Kennedy. O Ibrahim se dava com essa gente toda. Um dia ele me ofereceu uma carona. Ele tinha se interessado por uma amiga minha. Eu bem que tentei ajudar, mas ela não quis nada com ele. Era lésbica", recorda Rogéria. Mesmo assim Ibrahim ficou grato. Quando mais tarde, durante o governo militar, um show de Rogéria foi censurado, Ibrahim socorreu a amiga. Ele disse para os militares que eu era uma estrela internacional. Funcionou."

Militares - Ibrahim era amigo do presidente Costa e Silva e tinha bom trânsito entre os militares. "Ele não aderiu ao regime militar. O regime é que aderiu ao Ibrahim. Ele pegava notícias, era anticomunista, mas não havia cumplicidade com a parte podre, tenebrosa do estado ditatorial. De jeito nenhum", diz o colunista Ricardo Boechat, que trabalhou com Ibrahim.
A relação com os militares serviu para pedir por presos políticos, para ajudar na volta do professor Darcy Ribeiro do exílio, para liberar o livro Reflexos do Baile, de Antonio Callado.
Se Ibrahim usava as amizades poderosas para ajudar as pessoas, também soube tirar partido delas. O Turco conseguiu fazer fortuna usando informações privilegiadas que conseguia das suas fontes para aplicar no mercado financeiro. Ganhou dinheiro também comprando obras de artistas desconhecidos que mais tarde se valorizavam. Ibrahim gostava de viver bem. Fazia viagens para Europa e Estados Unidos com a primeira mulher, Glorinha Sued, mãe de Isabel e Eduardo. Em 1981, se casou com Simone Rodrigues, que na época era modelo da São Paulo Alpargatas. "O Ibrahim era sócio de uma discoteca com o Chico Recarey e me chamou para desfilar lá. Aí começou a dar notas minhas, disse que me colocaria num comercial e acabamos ficando 15 anos juntos", conta Simone.
Ibrahim teve um terceiro filho, Guilherme, com Márcia Levinson, que ele nunca conheceu. Mas Simone jura que três meses antes de morrer, Ibrahim planejava encontrar o rapaz. Não deu tempo.
Simone e a filha Isabel testemunharam a amargura de Ibrahim, quando em 1993, o jornal O Globo resolveu substituí-lo pelo colunista Zózimo Barroso do Amaral. "Foi um baque para o meu pai. Ele ficou muito triste. Não se recuperou", diz Isabel.
Numa das suas crônicas, ele escreveu: "Não vale a pena esperar gratidão em jornalismo. Aliás, não espere gratidão nenhuma, porque nem Jesus Cristo escapou das maledicências daqueles que tinha como seus amigos. Se não foram gratos com Jesus Cristo, não vão ser com você." (M.V.)

Fonte: http://jbonline.terra.com.br/jb/papel/cadernob/2001/11/02/jorcab20011102004.html

Os mandamentos do colunista

JORNAL DO BRASIL , 3 DE NOVEMBRO DO 2001

Ibrahim Sued gostava de ditar regras. De moda ao comportamento certo no jantar da alta sociedade, ele oferecia lições sobre tudo. A maioria ele aprendeu na prática dos salões que freqüentou. Outras, inventou, como o pavor de uso de meia brancas para o homem. Achava um sacrilégio. Ao longo de 45 anos de colunismo, Ibrahim deu palpite sobre tudo. Veja abaixo alguns exemplos:

1. Os palitos foram totalmente abolidos nos jantares. Evite palitar os dentes em público, mas se de todo não puder, dirija-se ao toilette.

2. A meia branca para homem nunca deve ser usada à noite. Durante o dia, somente com traje esporte, quando os sapatos forem brancos.

3. Nunca se deve pedir lenço emprestado.

4. Homem deve evitar ao máximo o uso de jóias. Um homem sóbrio e elegante usa apenas cigarreira e abotoaduras.

5. É de mau gosto perfumar excessivamente o papel de carta.

6.Se você deseja receber, não importa que seja rica ou pobre. Com um bom feijão, arroz, gostosa carne no fogão e uma salada temperada, você pode reunir seus amigos e receber. Não é necessário o caviar. Lembre-se de que ninguém vai à sua casa para conhecer seus parentes. Portanto, não se preocupe em encher a casa de parentes.

7. Se você tiver nas suas relações um banqueiro, inclua-o nas listas das festas grandes. Todo mundo gosta de conhecer banqueiro.

8. Não insista, como: ''Come mais um pouquinho''... Não seja insistente. Se o cara parou de comer ou só comeu salada é porque já matou a fome ou está de regime. Não encha o saco do seu convidado...

9. Hoje já se serve peixe com arroz. Antigamente era uma heresia protocolar.

10. Num jantar formal você pode servir a champanhota. O cafezinho não é obrigatório. Sirva um licor.

11. Se uma mulher estendeu a mão, é pra você beijá-la. Significa que ela não quer a intimidade dos beijinhos nas faces...entendeu?

12. Boate e cassino nivelam as pessoas. Todos os convidados são iguais. Em princípio. Na prática alguns são mais iguais...

13. Se seu botão caiu numa festa, não aporrinhe a anfitriã, que está recebendo, pedindo agulha e linha. Se vire. E, também, se não tiver pílula no toalete, não reclame da sua dor de cabeça. Volte para casa.

14. Se você está na fossa, siga estes conselhos: não tente compreender a vida. Aprenda a vivê-la. Não desperdice um minuto sequer pensando nas pessoas que não lhe agradam. Conte as bênçãos recebidas e não as contrariedades. Lembre-se de que podia ser pior. Aprenda a sorrir. Tenha sempre fé no amanhã. Se você tem uma maçã, não queira fazer com ela uma limonada. Tire sempre partido das suas derrotas. Nunca se julgue um infeliz. Ao contrário, pense sempre que você é feliz. A vida é o que os nossos pensamentos fazem.
15. Por fim, nunca chore pelo leite derramado se você quiser ser feliz.

Fonte: http://jbonline.terra.com.br/jb/papel/cadernob/2001/11/02/jorcab20011102002.html



Os cães ladravam e a
caravana passava

Ibrahim Sued revolucionou o modo de se fazer coluna no Brasil.
Descobriu que os salões da elite podiam render muito mais do que registros mundanos, fofocas voláteis ou crônicas de comportamento. Ali havia manchetes também. E muitas. Depois de algumas taças, à mesa do jantar ou no bulício das recepções, o ministro mostrava a minuta do decreto ainda inédito. O industrial abria o jogo sobre uma grande fusão de empresas. E o banqueiro dava o inside que agitaria o mercado nos dias seguintes. O Turco descobriu esse filão.
Com faro inigualável para a notícia e o destemor dos decididos a sobreviver, ele saltou o gigantesco fosso que o separava dos ricos, bem nascidos e letrados para construir um mito que, em pouco tempo, os faria súditos do que escrevia e ditava.
Os incontáveis furos que produzia, mesclados a relatos intimistas de ambientes inacessíveis aos mortais, fizeram de Ibrahim Sued uma celebridade nacional, um olheiro do público nas altas rodas do poder.
Seu nome logo virou sinônimo de novidade, de bomba. O sucesso desse gênero de jornalismo até então desconhecido foi fulminante. Todos os jornais criaram colunas ''iguais''.
Ser colunista era ostentar um título que associava prestígio, informação privilegiada e altos índices de leitura. Menino de família pobre, que cedo trocou a escola pela estrada, ele escondia até dos mais próximos a dimensão do sacrifício que se impôs para conquistar o Olimpo.

Fardão - Convivi com Ibrahim por mais de 25 anos, 14 dos quais diariamente, como repórter de sua coluna em O Globo. Do desejo inicial de fuzilá-lo - aos olhos do foca comunista vindo de Niterói, aquela figura enorme, cheia de correntes de ouro e roupas caras era apenas um ''lacaio do imperialismo'' - à compreensão adulta do quanto aprendera com ele, a figura que fixei foi a de um homem acuado por seu personagem.
Sem dúvida, ele me daria uma descompostura por pensar ''essas frescuras''. Me chamaria de ''chumbeta'', ''buzunta'' ou de outro nome qualquer, dentre os muitos que inventou com sua veia literária de ''imortal sem fardão''.
Hoje, quando sua filha Bebel recaptura em livro os melhores momentos das colunas que o pai escreveu, volto a perceber que ainda se deve ao Brasil a verdadeira história de Ibrahim Sued. Acredito - e levaria mais um passa-fora por isso - que o Turco desconhecido dos leitores e os segredos que guardou são o que há de melhor sobre ele. A trajetória desse filho de imigrantes rumo à glória, as paixões violentas e conquistas hollywoodianas, algumas gafes memoráveis e suas relações com celebridades internacionais guardam episódios que suas crônicas registraram apenas superficialmente.
Desancado por muitos críticos, Ibrahim desprezava-os exaltando o próprio sucesso. ''Os cães ladram e a caravana passa'', repetia.
O velho ditado árabe não seria sua única resposta, se quisesse.

Substituição - O mais celebrado dos colunistas brasileiros teve gestos de grandeza que se recusava a exaltar e que o fariam merecer afagos dos que o alvejavam. Mas era um urso silencioso quando o assunto era ele mesmo. Foi assim até o fim da vida.
O baque derradeiro ele sofreu do próprio O Globo, onde foi sumariamente substituído por Zózimo Barrozo do Amaral, em 1993.
Pela primeira vez, temi por ele. Evandro Carlos de Andrade, diretor de redação do jornal, me disse que a decisão vinha sendo amadurecida há muito tempo, pois sua coluna perdera o vigor e o jornal estava empenhado em contratar a grande estrela do Jornal do Brasil.
Ponderei que a aposentadoria significaria a morte para Ibrahim e insisti que lhe dessem, ao menos, uma coluna dominical.
Não sei se fui o único a levantar essa idéia. Mas acabou vingando. Ainda assim, o Turco ensaiou recusar. ''Vou para O Dia'', ameaçou. ''Você sempre reclamou que estava cheio de escrever todos os dias'', insisti. ''Fica com a semanal e começa a contar histórias que só você viu''. Ele concordou, mas o remédio foi ineficaz. Dois anos depois, um infarto fulminou Ibrahim Sued em seu apartamento na Joaquim Nabuco, onde ele dava festas e abria a golpes de sabre as garrafas de champanhe.
Influenciada pela conduta que tanto observou, sua companheira Simone Rodrigues não gosta de falar sobre os últimos capítulos do papa do colunismo. Mas conta que ele chorava muito. Ibrahim partiu triste.

Fonte: http://jbonline.terra.com.br/jb/papel/cadernob/2001/11/02/jorcab20011102003.html




Praça em frente ao
Hotel Copacabana Palace

Ibrahim Sued é o nome dado a uma praça em frente ao Hotel Copacabana Palace, na Avenida Atlântica, em Copacabana.
O prefeito Cesar Maia resolveu prestar uma homenagem ao colunista, que morreu em 1995. A pracinha ganhou um busto do jornalista.
















O endereço não foi escolhido ao acaso. O colunista era famoso por se reunir com os amigos na Avenida Atlântica e promover lendários bailes de carnaval no Copacabana Palace.
Para o prefeito, é importante ligar a imagem de Ibrahim ao hotel. Cesar Maia associou a sofisticação das entrevistas com artistas e políticos famosos, realizadas na piscina do Copa, com o glamour do hotel mais conhecido do Rio de Janeiro.
O subprefeito da Zona Sul, Cláudio Versiani, diz que não serão feitas reformas no local. ''Foi uma idéia muito boa do prefeito. É mais do que justa esta homenagem ao jornalista, que projetou a cidade mundo a fora.''







COMENTÁRIOS

Sexta, 24 de setembro de 2004, 13h32
Ivan Lessa: Fome Zero, Estátuas Mil

Em sociedade tudo se sabe. Pouquíssimo se sabe sobre a nossa sociedade.
Não sei se deu certo o Fome Zero.
Sei que o Estátuas Mil vai bem, merci.
A população estatual cresce, tende a explodir. Principalmente na zona sul do Rio, onde, como se não houvesse gente suficiente, surge a necessidade premente de encher espaços vazios com pesados simulacros de pessoas amadas (?) por sua população.
E tome estátua de bronze. Lá está, sentado diante da praia, o poeta Carlos Drummond de Andrade, que eu cansei de ver nas cercanias de sua residência, na rua Joaquim Nabuco, em geral esperando o ônibus. Se era para imitar, como foi imitada, botar a estátua de um poeta em lugar de sua frequência, como Fernando Pessoa sentado no banco da confeitaria "A Brasileira", em Lisboa, que botassem Drummond na fila do ônibus. Nunca foi flagrado por ninguém mirando o mar.
Em 2001, um colunista social, Zózimo Barroso do Amaral, virou não só estátua de bronze em tamanho natural (1,80cm) como também nome de praça no Leblon. A estátua de Zózimo segura o paletó com a mão direita, tendo a esquerda no bolso, com o cotovelo direito apoiado na mureta da praça. Zózimo também olha o mar. Junto à estátua, asseguram-me as folhas, "inseparáveis objetos de trabalho": máquina de escrever, caderno de anotações e jornal.
A estátua foi inaugurada ao som do hino do Flamengo.
No domingo, de 26 de setembro de 2004, Ibrahim Sued, o maior de todos os colunistas sociais, tido como o pai do gênero, sempre segundo nossa imprensa, também vira estátua de bronze em tamanho natural e largo, isto é, uma área do calçadão em frente ao hotel Copacabana Palace, local divulgado pelo cronista social durante 45 anos de trabalho.
Para Ibrahim, o Copa era sua segunda casa, pois lá almoçava, dava festas e recebia amigos. Parece que o hotel não compareceu com "algum" para as despesas.
Colunistas atuais me informam que os 204 kg de bronze necessários para a produção da estátua foram oferecidos por Henrique Santos, um português residente no Brasil e grande admirador do colunista. O projeto todo, no entanto, foi patrocinado por um amigo de Ibrahim, que preferiu ficar no anonimato. Será a Dama de Preto?
Olho vivo que cavalo não sobe escada.
Stop e ademã, gente, que eu vou em frente.


Fonte: http://noticias.terra.com.br/mundo/interna/


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